Com a campanha já com 3 dias na estrada, mais uma vez se percebe o porquê do desinteresse da população em geral quanto ao acto eleitoral de dia 25 de Maio. Desde logo, a cobertura aos pequenos partidos pela comunicação social tem sido de salutar mas também coloca em evidência a falta de alternativas e a degradação do discurso político destes pequenos grupos políticos, tomando de exemplo Marinho Pinto, candidato do MPT, e José Manuel Coelho, candidato do PTP, que se afirmam não políticos mas que têm dos discursos mais trauliteiros e sem conteúdo que há memória, sem qualquer substância ou ideia prática, apresentando apenas demagogia e populismos baratos para arrancar meia dúzia de votos a portugueses incautos. Quanto à campanha do Bloco de Esquerda, há que apontar o esforço da candidata Marisa Matias em tentar ter um discurso coerente com a linha incoerente do partido que representa. Apesar de discordar há que tirar o chapéu pois mantém o estilo que nos têm habituado, poucas propostas mas muita "cacetada" no arco governativo. Já João Ferreira e a CDU também contribuem para a manutenção do status quo do PC, defendendo as bandeiras do costume, com as propostas de extremos e pouca praticabilidade que nos têm vindo a habituar nestes quase 40 anos de democracia, e tendo sempre de criticar o PS em conjunto com o PSD e CDS-PP, qual fetiche comunista. Enquanto não se mostrarem responsáveis, flexíveis e abandonarem os velhos dogmas, da CDU nada de novo se poderá esperar. Quanto ao PS, campanha muito pouco atractiva, poucas propostas, limitando-se a rebater os ataques vindos da direita, sem ter capacidade para contra argumentar com medidas concretas (que existem, em qualquer um dos partidos note-se) e embrulhando-se no própria marasmo que o PS a nível nacional vive. Apesar de existirem propostas, a sua divulgação perde-se na defesa da honra que é feita e falta habilidade do
candidato para mudar o chip de defesa para o ataque cerrado, com uma campanha de ideais e debate sobre a Europa. Quanto à Aliança Portugal que congrega os partidos da maioria, a campanha é feita a duas velocidades, Nuno Melo dá a cara na rua pela política governamental, mostrando estar mais que apto a suceder a Paulo Portas na liderança do CDS-PP, conseguindo entrar em contradição sem qualquer remorso e sempre com um sorriso na cara (vide episódio em que é confrontado por um popular com o facto de terem assinado o memorando inicial e do CDS-PP agir como se nada tivesse a ver com esse momento zero da política da Troika), e Paulo Rangel esquiva-se do contacto com populares mas leva a cartilha do PPD em que as palavras-chave são: Sócrates, dívida, despesismo, socialistas, Sócrates, desequilibro orçamental, não temos a culpa do que fizeram, Sócrates. Apesar da simpatia que nutro pela figura de Nuno Melo, já Paulo Rangel causa-me um certo desconforto pois não reúne qualidade assinalável para assumir a liderança de uma lista ás Europeias, o seu estilo extremamente bélico, a falta de conhecimento em algumas matérias, a falta de visão e de propostas, o seguidismo de algo que já começa a roçar o ridículo que é a teoria de que os socialistas são causadores de todos os males (sobre a estupidez de tal doutrina basta assistir ao pequeno confronto com o jornalista que pergunta se o estádio de Leiria foi um despesismo socialista desmedido, porquê de Isabel Damasceno, autarca à data do PSD e edil da Câmara Municipal de Leiria, ter alinhado em tal brincadeira, sendo a resposta um esclarecedor "Pois, mas os socialistas só fizeram foi despesa e meteram o País na bancarrota!").
Em suma, apesar de alguns apontamentos de política nacional e da constatação da pouca adesão dos populares e até militantes partidários a estas eleições, há um facto que é inegável, na campanha que os meios de comunicação social transmitem e que facilmente se reconduz à campanha protagonizada pelos cabeças de cartaz de cada uma das listas, bem sabendo que em pequenas iniciativas locais o cenário é totalmente diferente, sobre a Europa tem-se discutido um redondo zero, nem tão pouco esclarecido as pessoas sobre a importância da Europa no quotidiano dos portugueses. Mais uma vez os partidos falham quando permitem e se envolvem neste complexo sistema de política sem causa e sem razão.
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